A igreja de jesus foi fundada, assim como o convento anexo, por Justa Rodrigues Pereira, entre 1489 e 1490, quando obteve as licenças do Papa e do rei D. João II.
Mas o rei D. João II ficou pouco agradado com o tamanho da igreja e mandou, durante a construção, substituir os alicerces da capela-mor de modo a aumentar a sua área. Anos depois o rei D. Manuel, como segundo patrocinador do convento, exigiu que a cobertura da igreja fosse abobadada o que era raro nas modestas igrejas das ordens religiosas. A ordem de D. Manuel I obrigou a alterar a solidez das paredes exteriores para assim suportarem o peso da abóbada de pedra. Daí o aspeto quase militar das paredes exteriores do lado nascente.
Nos anos 40, do século XX, a Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, renovou completamente o interior da igreja e retirou todo o revestimento de talha dourada dando o aspeto limpo e austero da igreja atual.
Também colocou no telhado a platibanda de pedra rendilhada que, aliás, existia pelos menos no século XVIII, conforme a imagem que se anexa esta crónica.
A igreja tem arcos divisórios que assentam sobre colunas torsas de brecha da Arrábida, rocha esta classificada como Pedra Património Mundial – Heritage Stone.
Na sua construção foram usados processos inovadores, do futuro estilo manuelino, como abóbadas assentes sobre arcos abatidos ou as colunas torcidas.
No século XVIII foram colocados, nas paredes interiores da igreja, painéis de azulejos figurativos, a azul e branco, com cercaduras a cores, representando cenas da vida da Virgem, que ainda hoje podemos apreciar.
Já neste século o antigo convento, assim como a igreja e o largo envolvente foram sujeitos a obras de envergadura sendo o conjunto inaugurado em finais de 2023. Hoje é uma das maiores atrações, turística e monumental, da cidade de Setúbal.
Professor Alberto de Sousa Pereira