Setenta e oito e meio. É assim que Maria Eugénia Rosa nos conta que tem de se mentalizar mês a mês da aproximação dos oitenta anos que não viu passar.
Após cinquenta e um anos a viver e a trabalhar em França como gestora de contabilidade analítica, foi vítima de uma reestruturação da empresa na qual sempre trabalhou e ficou desempregada. O que para muitos teria sido um golpe fatal, para Eugénia foi o momento certo para se dedicar ao que achou ser a sua primeira vocação, a partilha e a solidariedade. Concorreu para a associação Médicos do Mundo e Cruz Vermelha e foi em África e na Palestina que durante sete anos se dedicou inteiramente a quem precisava da sua ajuda. “Aprendi a viver com muito pouco. Aprendi que tendo onde dormir e o que comer, o resto, nada me importa” afirma sem nunca perder o seu sorriso.
Setubalense “de gema”, nunca perdeu o seu sotaque com travo a mar. Nasceu na Baixa de Setúbal e foi numa tarde ensolarada que, após ter percorrido o mundo, decidiu que tinha de fazer o caminho de regresso a casa.
No entanto, para além das diversas práticas artistas que sempre preencheram o seu tempo livre, Maria Eugénia teve uma constante: a prática de Tai Chi Chuan. Foi quatro vezes à China para se formar e há trinta e um anos que é professora federada.
Ao regressar a Setúbal descobriu o novo Parque da Algodeia onde passou a efetuar a sua prática desportiva quotidiana, mas sentia falta de poder partilhar esses conhecimentos. Durante dois anos esteve a frequentar a Universidade Sénior, mas foi no Centro Comunitário da União das Freguesias de Setúbal que elegeu domicílio: “No primeiro dia que cá cheguei fui acolhida com um grande abraço, físico, e era mesmo desse abraço e da luz deste espaço que eu estava a precisar”. Desde então nunca mais parou.
Rapidamente verificou que as posturas que o Tai Chi Chuan exige não eram adaptadas aos utentes que não têm um passado de prática desportiva e, consequentemente, fez evoluir a prática para o Qi Gong (Leia-se Txi Con) que, sendo mais estática se torna também mais acessível. Txi quer dizer energia e Gong quer dizer trabalho, ou seja, esta prática pretende trabalhar os fluxos energéticos nos órgãos vitais do corpo humano por via de movimentos específicos e dos pontos designados pela medicina chinesa. Confessa que não foi fácil conquistar os utentes, pois é uma prática que exige concentração e silêncio, mas que, aos poucos, todos aprenderam a respeitar e a saber estar presente nas suas aulas.
Sempre que possível, prefere a prática exterior, especialmente na primavera, época em que os espaços verdes da cidade estão repletos de vida e as árvores oferecem a temperatura e sombra ideais.
No Centro Comunitário, para além das duas aulas semanais de Qi Gong também já animou as oficinas de exercício da memória e de francês. O período da pandemia marcou uma pausa em todas as atividades, mas relembra com particular emoção o reencontro com os utentes. Foi o momento de trazer de novo para a vida ativa os corpos que estiveram quartados durante vários meses.
As aulas de Qi Gong fazem parte do programa permanente de atividades do Cento Comunitário da União das Freguesias de Setúbal e as inscrições estão abertas a todas as pessoas com idade superior a oito anos. Tal como as outras atividades permanentes, as aulas são totalmente gratuitas.
Para a União de Freguesias de Setúbal é uma honra contar com uma equipa de voluntários qualificados que contribuem de forma ativa para o bem-estar da comunidade.
Se deseja ser voluntário ou participar nas atividades propostas nos diferentes polos do Centro Comunitário pode pedir mais informações através do correio eletrónico Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar., ou através do telefone 935 766 881.