No passado domingo, 27 de abril, a população subiu à Serra da Arrábida para assinalar as tradicionais Festas em honra de São Luís da Serra, um dos mais antigos momentos de celebração religiosa e pagã popular da região.
Realizadas sempre no domingo seguinte à Páscoa, conhecido como Pascoela, estas festas são as primeiras do calendário das romarias e círios de Setúbal, marcando o início de um ciclo anual profundamente enraizado na vivência em ligação com a Serra da Arrábida.
A celebração decorre junto à capela de São Luís da Serra, implantada num em pleno Parque Natural da Arrábida, de onde se descortina uma ampla paisagem sobre a península de Setúbal e o estuário do Sado. Tal como os antigos pastores, camponeses e pescadores que aqui se reuniam, também hoje as famílias continuam a acorrer ao local para partilhar um momento de convívio.
As festividades mantém alguns dos seus traços distintivos, como a bênção dos animais, a quermesse, os piqueniques em redor da capela e o ambiente de convívio ao som da música popular.
A lenda local dá conta da origem da devoção ao santo: um pastor, ao dar por desaparecidas as suas ovelhas, rogou a São Luís da Serra e, após ouvir os balidos dos animais, conseguiu reencontrá-los sãos e salvos. Em sinal de gratidão, prometeu ao santo um fato novo, embora não haja registo de que a promessa tenha sido cumprida. A história continua a ser contada de geração em geração, alimentando o imaginário popular em torno da figura protetora do padroeiro dos pastores da Arrábida.
As Festas em honra de São Luís da Serra mantêm-se, assim, como um momento privilegiado de ligação à terra, à memória e à identidade de Setúbal, num gesto de continuidade com os antepassados que, desde há séculos, ali sobem em busca de devoção e partilha.