A União das Freguesias de Setúbal acompanha com grande orgulho Joana Negrão, criadora do projeto “A Cantadeira”, na sua participação no Festival da Canção. Apurada para a semifinal com o tema “Responso à Mulher”, a nossa freguesa conta com o apoio entusiástico dos participantes do projeto “Caleidoscópio de Estórias”, que atualmente desenvolve no Centro Comunitário da U.F.S.
A Cantadeira é um projeto musical singular que mistura as tradições portuguesas com a modernidade, criando uma ponte entre o passado e o presente. Recentemente, a sua criadora viu-se catapultada para o grande público com a participação no Festival da Canção, um palco que nunca tinha imaginado para o seu trabalho.
“Eu nunca vi o Festival da Canção como algo para mim. O meu trabalho sempre esteve afastado do mainstream, mas quando surgiu o convite, foi uma mistura de pânico, horror e excitação. Era uma oportunidade para levar a minha música, a um meio diferente”, conta. Apesar do receio inicial, o desafio foi aceite sem comprometer a identidade artística: “Convidaram-me como “A Cantadeira” e eu fiz a música que quis, da forma que quis. Estou muito satisfeita com o resultado.”
O seu percurso artístico que levou ao nascimento da Cantadeira tem as suas origens em encontros com as tradições e com o património musical. A música folk, a gaita-de-fole e o canto tradicional abriram portas para um universo que passou a definir a sua trajetória. “Descobri as Adufeiras de Monsanto e houve uma ressonância imediata. Pensei: é isto. Se algum dia cantar profissionalmente, será por aqui”, relembra.
Depois de integrar projetos como Dazkarieh e Seiva, que fundiam elementos tradicionais com o contemporâneo, surgiu a ideia de um projeto a solo. A Cantadeira nasceu em 2020, durante a pandemia. Sempre compôs com base em loops vocais e decidiu explorar esta técnica para criar algo novo, onde a voz fosse o único instrumento. Foi um processo de autoexploração e empoderamento. O medo de estar só no palco foi superado pelo sentimento de superação após cada concerto.
Joana Negrão tem também um profundo sentido de pertença ao território onde cresceu. Nascida em Setúbal, em 1983, viveu intensamente a cidade até aos 18 anos, quando saiu para estudar História com variante em Arqueologia. Apesar de um período fora, a ligação a Setúbal permaneceu forte.
“Regressar foi muito especial. Encontrei uma cidade diferente, culturalmente mais vibrante e aberta. Senti-me abraçada. Hoje, tenho orgulho em dizer que sou uma artista de Setúbal e que o que faço tem lugar aqui.”
A participação no Festival da Canção representa um marco importante no percurso da cantautora. A sua canção, lançada em dezembro, tem conquistado o público pela autenticidade e pela força da mensagem.
“A atuação será a 1 de março, na segunda semifinal. Passar à final, no Dia Internacional da Mulher, seria incrível, pois o tema celebra a voz feminina de hoje em conexão com as nossas antepassadas. Independentemente do resultado, sinto que esta experiência está a abrir caminhos novos para a minha música.”
Olhando para o futuro, Joana Negrão planeia continuar a explorar as tradições, dando-lhes uma voz contemporânea e mantendo viva a essência das suas raízes. “Quero continuar a afirmar o papel da mulher e da música tradicional num mundo em constante mudança. O passado tem muito a ensinar-nos sobre o presente.”