O cavalo-marinho, com o seu formato peculiar e comportamento único, é um dos habitantes mais interessantes do Estuário do Sado e, também, um indicador da saúde deste belíssimo ecossistema.
O Estuário do Sado é uma zona rica em biodiversidade. Na verdade, o Estuário do Sado foi mesmo identificado como um dos hotspots de cavalos-marinhos em Portugal, ou seja, é um dos locais onde, até à presente data, estão registadas as duas espécies conhecidas em Portugal: o cavalo-marinho-de-focinho-comprido (Hippocampus guttulatus) e o cavalo-marinho-comum (H. hippocampus).
No Sado, o cavalo-marinho, encontra refúgio e alimento nas pradarias marinhas, um ecossistema crucial para a manutenção da vida marinha local e do qual já falámos nesta rubrica, um ecossistema que desempenha um papel vital na filtragem da água, na proteção contra a erosão costeira e na promoção da biodiversidade.
As pradarias marinhas oferecem abrigo e locais de reprodução, criando um ambiente seguro para os cavalos-marinhos. Além disso, como as ervas marinhas atuam como um filtro natural da água, melhoram a qualidade do ambiente marinho, permitindo que os cavalos-marinhos se alimentem de pequenos invertebrados.
Os cavalos-marinhos possuem uma estrutura corporal única, com uma coluna vertebral flexível, que permite que mantenham uma postura vertical enquanto nadam. Podem atingir os 25 cms de comprimento, sendo que as fêmeas são normalmente menores que os machos. Apresentam uma coloração que varia entre o castanho-claro, o cinzento e o amarelo vivo, com numerosos pontos brancos misturados em linhas horizontais.
A posição vertical facilita a captura de presas e ajuda na camuflagem entre as plantas marinhas, visto que se confunde com elas: ao misturar-se com o ambiente, e por causa dos seus movimentos lentos e graciosos, o cavalo marinho evita os predadores.
Outra das características mais surpreendentes do cavalo-marinho é que são os machos que ficam "grávidos". Após a fêmea transferir os seus ovos para a bolsa incubadora do macho, ele fertiliza-os e cuida deles até ao nascimento. A gestação pode durar de 14 dias a um mês, dependendo da espécie, podendo eclodir até cerca de 600 juvenis. A época de reprodução decorre, normalmente, entre março e outubro.
Sabia que durante a temporada de acasalamento, os cavalos-marinhos realizam uma dança nupcial diária, que envolve mudanças de cor e união das caudas e movimentos circulares? Essa dança fortalece o vínculo entre o casal.
Está visto que a proteção do cavalo-marinho e das pradarias marinhas é um compromisso coletivo que envolve governos, organizações ambientais, pescadores e a comunidade local. Todos têm um papel importante na criação de um futuro sustentável para os ecossistemas marinhos.
