"É o mais recente representante dos peixes nativos de água doce de Portugal".
A boa notícia surgiu no final do ano de 2024: estudos científicos concluíram que a nova espécie do Sado tem características únicas que se distinguem das restantes espécies de escalos da Península Ibérica, por exemplo ao nível do número de escamas da linha lateral ou de certas características dos ossos do crânio. O nome científico - escalo-do-Sado (Squalius caetobrigus) - pretende homenagear a região de Setúbal, designada Caetobriga pelos Romanos.
O escalo-do-Sado gosta de águas tranquilas e pouco profundas. Este peixe, pertencente à família Cyprinidae, é de tamanho médio e pode atingir até 25 cm de comprimento. É caracterizado pelo seu corpo alongado e fusiforme, com uma coloração que varia entre o prateado e o dourado, e alimenta-se de insetos aquáticos, pequenos invertebrados e matéria orgânica.
A sua presença nas águas do Sado está ligada à qualidade da água e à manutenção de habitats saudáveis, como os fundos de areia e cascalho, que servem tanto para a alimentação como para a reprodução. A espécie é bentónica, ou seja, passa a maior parte do seu tempo no fundo dos cursos de água, onde se esconde entre as pedras e a vegetação aquática, o que lhe proporciona proteção contra predadores.
Embora o escalo-do-Sado só tenha sido descoberto agora, a sua "existência pode estar já a ser posta em causa pelas ameaças que o ecossistema em que vive enfrenta”. O agravamento do fenómeno das alterações climáticas, que levará a períodos de seca cada vez mais longos e severos, é também um fator de instabilidade para o escalo-do-sado.
É, por isso, essencial que sejam adotadas estratégias de proteção eficazes, por forma a garantir que o escalo-do-Sado continue a ser uma espécie representativa da fauna portuguesa, contribuindo para a saúde e sustentabilidade do Estuário do Sado.
