É o choco - uma espécie emblemática do Estuário do Sado que gosta de viver em águas pouco profundas, de fundo arenoso ou lodoso!
Os chocos são estritamente carnívoros e alimentam-se de bivalves, crustáceos, outros moluscos e peixes. Podem atingir 50cm e vivem cerca de 2 anos. Têm o corpo oval e acompanhado, ao longo do comprimento, por barbatanas arredondadas. Possuem uma bolsa de tinta, 5 dentes de quitina e uma concha interna, o osso do choco, denominada “siba”.
Mas será que os chocos são peixes? Não, o choco não é um peixe. O choco é um cefalópode, o que significa, literalmente, que possui “os pés na cabeça” – 8 braços e 2 tentáculos munidos de ventosas, localizados à volta da boca que tem a forma de um bico.
“Camaleão do mar” hábil no disfarce
Os chocos, mestres da camuflagem, são capazes de mudanças quase instantâneas de cor e de padrão. Têm uma incrível capacidade de se disfarçarem o que lhes permite esconder de predadores, aproximar de presas sem serem detetados e, até, “hipnotizar” outros animais marinhos. Estas mudanças apenas são possíveis pela presença, à superfície da pele, de milhões de pequenas células com pigmentos vermelhos, amarelos ou castanhos, os cromatóforos.
E sim, é mesmo verdade que o sangue dos chocos é azul-esverdeado. Porquê? Porque a proteína que transporta o oxigénio, a hemocianina, é rica em cobre. Nos vertebrados o sangue é vermelho porque a proteína com essa função, a hemoglobina, é rica em ferro. Acontece que a hemocianina é menos eficaz no transporte de oxigénio. Por isso, o sangue dos cefalópodes é bombeado por três corações: um central que leva o sangue para o corpo e dois que o levam para as brânquias.
Animais daltónicos e sem capacidade de nadar – mistérios e curiosidades
Os chocos não nadam, eles flutuam. A rigidez da concha interna não lhes permite realizar movimentos de natação. Para se deslocarem, aproveitam a sua capacidade de flutuação, as correntes e o sifão, de onde expelem água para dar impulso.
Embora tenham uma capacidade enorme para mudar de cor, os chocos são daltónicos.
Mas como podem reconhecer outras cores se só conseguem ver a preto e branco? Ainda não se sabe muito bem. E este não é o único mistério para o qual os cientistas têm poucas respostas. É que ainda não se conseguiu explicar como é que os chocos conseguem mudar de cor na ausência de luz.
Sabias que Sepia officinalis, nome científico do choco comum, deu origem ao nome da cor sépia? A tinta de choco - de cor preto-acastanhada - é usada, desde há seculos, como tinta e pigmento na arte.
É também muito provável que já tenhas visto ovos de choco, sem os reconhecer, quando vais à praia. São ovos de cor negra, que se dispõem em cachos e se parecem com algas. Dentro de cada pequena bolsa negra existe um choco em miniatura pronto a eclodir nas condições adequadas.
Já ficaste a conhecer mais sobre este cefalópode e sobre os mistérios e curiosidades que o rodeiam. Como imaginas um animal com 3 corações? Envia-nos os teus desenhos para divulgação em futuras publicações nas redes sociais da UFS. Participa!